*foto da minha primeira tatuagem* desculpa, mãe.
eu não acho falha de caráter mudar de ideia. na verdade, descobri que eu acho falha de caráter não mudar. já falei que sou a favor das mudanças que vem pelo plot, mas também crio empatia rapidinho até com quem eu desgostava quando fico sabendo que essa pessoa passou por alguma mudança avassaladora por escolha própria. sou a maior defensora do dump him. também acho legal ficar com quem você disse que nunca (mais) ia ficar só para lembrar porque você tinha tomado essa decisão, recomendo.
cria-se uma afinidade espontânea quando a pessoa vem me contar que está gostando de fazer o que julgava muito antes. essa pessoa tem que estar muito em paz consigo mesma, muito confortável no desconforto para poder falar bom, não quero mais que isso seja assim mesmo que eu tenha passado 1 ano falando pra todo mundo que eu amava essa situação. esse estilo de vida não me cabe mais. agora vou acordar todo dia 5 da manhã. vou trancar o curso. vou abrir meu próprio negócio. vou me mudar. vou mandar essa mensagem. vou bloquear esse otário.
tome as rédeas da sua vida! se perdoe!
a primeira pessoa (e a que mais importa) que pode te julgar é você mesma. depois que você se aceita, a opinião dos outros passa a importar tão pouco.
carta aberta a todos que eu julguei porque essas pessoas estavam fazendo algo que eu, inconscientemente, queria fazer mas não tinha coragem:
perdão! mó legal o corre de vocês. tem um episódio de no espelho sobre inveja. é mais ou menos isso mesmo. cuidado com as pessoas que você não suporta, geralmente isso diz mais sobre você do que sobre elas.
eu falei tão mal da manucit que eu quase to mandando um inbox pra ela pedindo desculpa. juro que achava que ela não fazia nem dois treinos por dia e que ela mentia porque eu passei anos da minha vida (especialmente os anos da minha graduação) achando que era normal não ter energia para nada a partir das 16h da tarde.
laudo médico, 5 anos depois: quem come pouco não tem energia mesmo (demonização de carboidratos feat todo ifood possível) + b12 baixa. é sério. estou repondo a b12 + comendo mais e além de acordar 5 da manhã por prazer e passar 1 hora fazendo musculação por prazer, dá 17h me bate uma formiguinha para ir correr. as blogueiras estão mentindo muito menos do que eu achava que elas mentiam!!!!
a lista de coisas que mudei de ideia é grande. eu adoro acordar 05h sendo que cresci tendo pavor desse hábito que toda minha família paterna tem. adoro estar viciada na endorfina de exercício físico, de poder seguir um caminho profissional que eu dizia que não seguiria (eu posso escolher porque eu já disse isso sobre muitos kkkkkkkkkk). adoro gostar mais da minha comida do que da dos outros (também já julguei muito meu pai por isso). acho o máximo ter descoberto que o que eu achava gostoso na compota de berinjela era a azeitona que eu me recusava a comer em todas outras receitas. shout out to pesto de azeitona também, bom demais.
de tudo isso, odeio ser cobrada no geral, mas ouvir o ‘não era você que…?’ é o pior de todos. vai com calma, fiscal de branding. não sou personagem não. sou gente. posso mudar de ideia.
baixei o tiktok. estou quase voltando a postar coisas. sim, eu mesma, aquela que escreveu várias edições falando que tempo em rede social é tempo perdido. novamente, acredito muito que o fator é ESTAR CONFORTÁVEL COM VOCÊ MESMA. meus critérios são: se não atrapalha minha rotina e minha autopercepção, está tudo bem. se me deixa dodói da cabeça, culpada e com dismorfia corporal, out. o mais engraçado é que esses critérios valem pra pessoas também.
não sei em qual podcast eu ouvi sobre pessoas que ficaram sem redes sociais, voltaram e disseram que não haviam feito x e y porque não viam sentido em fazer, já que não iam postar. no caso, não haviam seguido a rotina de exercício físico que postavam porque não iriam postar. oi?

não diferenciar o que se faz para si mesma x o que é feito porque fica bonito no story é a epítome do viver para os outros. é o se identificar mais com a imagem do feed, a imagem cuidadosamente escolhida entre outras 50 que eram quase idênticas, do que com o que você vê no espelho. a crise de autopercepção violenta, não saber o que é real e o que é virtual a ponto de precisar postar para fazer - pior: não saber o que fazer se não for pra postar. a palavra por trás de rotinas e conteúdo lifestyle deveria ser ‘saúde’, mas está mais para ‘aparência’. a imagética do matcha toda manhã dizendo muito mais do que se a pessoa de fato tem uma rotina saudável que procura manter para si mesma, não pelo biscoito da audiência.
o que acontece é que eu tenho medo de ser pega novamente nas armadilhas emocionais de algoritmos, sentir vontade de postar e aí fazer coisas exclusivamente para postar e achar que não sou suficiente se não estiver sendo cool. eu tinha tendências muito fortes de querer ser fiel a mim mesma entendendo que eu tinha que seguir uma linha específica, escolher uma coisa para ser e ser até o final. só que não é assim. para ser fiel a mim, eu tenho que tankar as mudanças também.
estou lendo all I ever wanted was to be hot. uma leitura que eu queria começar faz tempo, junto com milk and eggs e animal. eu li animal nessa páscoa. na verdade esses dias eu fui fazendo pequenas coisas não postáveis por mim, foi bem legal. enfim. animal é um livro de female rage e sexualidade. não tem como não ficar enjoada e com raiva.
e all I ever wanted was to be hot é uma autobiografia que assim como animal, fala sobre a beleza das mulheres (animal é mais sobre sexualidade) como capital social. sobre coisas que a gente faz pra ser vista, aceita, amada. para o outro, pelo outro. quase como se só desse para existir recebendo essa validação (masculina). confundir amor com validação. se tratar como coisa. tratar tudo como uma audição para a qual você precisa do papel de mais sexy, mais bonita, mais inteligente - que é o que a pearl fala no vídeo que compartilhei aqui esses dias.
ela fala para você, em oposição ao que mencionei, se deixar ser comum e ser vista. quem mais preferiria um soco do que ser vista tentando, ao invés de sendo excelente? pois é. se deixe ser comum e ser vista. se deixe ser comum e largar mão, mudar de ideia.
acabei entendendo que, no meio de tudo isso, ser fiel a si mesma é bem menos radical do que parece. é entender a motivação por trás das coisas e não fazer só para parecer bonita, inteligente e interessante e fazer as pazes com o lado que não é instagramável de você mesma. está liberado mudar de ideia e não seguir uma linha editorial. fazer o que todo mundo está fazendo ou fazer diferente. dar satisfação, ou não. você pode escolher.
é isso, pessoal, espero que algo disso ressoe com vcs s2
Nesse fim de semana, assisti La La Land pela segunda vez, a primeira vez deve ter sido no início de 2017, no cinema, fomos minha namorada e eu, ambos concordamos que era um filme bem mais ou menos, talvez até ruim.
Mas agora, reassistindo em 2025, achei o filme maravilhoso, entrou tranquilamente no top 10 dos melhores que assiti. A agora minha esposa ficou perplexa em me ouvi dizer que estava reassistindo o filme e adorando. O sentimento dela é de: porque reassitir? Só terminei de assistir a primeira vez porque foi no cinema.
Pronto, isso foi o gatilho pra eu ficar pensando desde então, se eu sou uma pessoa diferente. E o que isso siginifica em um relacionamento.
Você está familiarizada com o paradoxo de Teseu? (se não está, me descupe passar por rude, mas pesquise (ou abandone a conversa aqui (é uma opção também)), certamente alguma inteligência artificial vai explicar bem melhor que eu, esse dilema).
Voltando ao Teseu, o filme La La Land virou uma das peças da embarcação, e agora eu estou olhando para trás, tentando entender quantas peças foram trocadas, e se eu ainda sou o original.
Se permitir mudar é libertador, parece que vira uma chavinha!